Favoritos


Hoje eu vi, via youtube, um programa que adorava assistir na minha adolescência. E era com a minha banda favorita. Era o meu programa favorito, da minha banda favorita da minha época favorita.

Chorei. Sim, e muito.

Em segundos passou um blockbuster sobre minha vida em minha mente. Pessoas, amigos, paixões, conhecidos, ilusões, decepções. O cheiro do novo com gosto do antigo.

Como eu era feliz. Como eu sou feliz. Como eu serei feliz.

Felicidade sempre esteve comigo. Mesmo no dia que fui a esse meu programa favorito, ver minha banda favorita, no meu ano favorito e eu não pude entrar, eu estava feliz.

Naquele dia, acho que foi a primeira vez que vi o peso da inveja de alguém sobre mim. Depois vi várias vezes, sofri, até uma camiseta, novíssima, fora totalmente desbotada pelo olhar infame da inveja, sendo que eu comprara 2 camisetas idênticas, e a que teve aquele olhar se dissolveu, nem o dono da loja entendeu quando apareci com a mesma, mas eu entendi depois.

O problema de não ter visto minha banda favorita ao vivo no meu programa favorito no meu ano favorito, é que era o lançamento do meu álbum favorito. Isso doeu. Mas ao ouvir o disco em casa, sozinho, no escuro, livre de pensamentos e pessoas, eu entendi tudo. Era para ser assim.

Eu acredito muito no acaso, na sorte, no “que tem que ser será” e assim foi. Se eu tivesse entrado, poderia não ter gostado, teria me decepcionado, teria me apaixonado, ficaria desolado. Mas a vida não o quis, e que bom, pois pude me entender.

Foi difícil, foi dolorido, a volta pra casa, a pé, foi sob choro, foi sobre uma tempestade interna, que ao chegar ao prédio em que morava escutei da tal pessoa invejosa dizendo “já voltou? Quando vai passar? Você gostou?” eu, sorridente, disse “sempre gosto de tudo, até de você” a pessoa não entendeu aquilo, mas ela me ensinou a olhar melhor para as pessoas.

Depois de um tempo meu programa favorito acabou, minha banda favorita se dissipou, meu ano favorito terminou, meu LP em CD se transformou e depois de anos o youtube chegou e de tudo isso me relembrou. Obrigado a todos por esses favoritismos.

Para constar: o ano era o de 1991, o programa era o “Programa Livre” de Serginho Groisman no SBT, a banda era os Engenheiros do Hawaii e o disco “Várias Variáveis”



Não consegui pensar em um titulo melhor para o post.

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